domingo, 2 de fevereiro de 2014

Ruth de Souza

Ruth de Souza, 92 anos, atriz renomada, com seu talento abriu caminho para a mulher negra no Teatro, Cinema e TV quando o Brasil ainda “respirava” ares da escravatura e do preconceito racial. Sua biografia contém momentos que devem ser preservados na história, confira!


Ruth Pinto de Souza nasce no Rio de Janeiro em 12 de maio de 1921. Até os 9 anos de idade vive com a família em uma fazenda em Porto do Marinho, pequena cidade do interior de Minas Gerais. Com a morte do pai, ela e a mãe voltam a morar no Rio de Janeiro, em uma vila de lavadeiras e jardineiras, no bairro de Copacabana. Interessa-se por teatro ainda menina, quando assiste a récitas no Municipal. Pela Revista Rio, toma conhecimento do grupo de atores liderados por Abdias do Nascimento, o Teatro Experimental do Negro.

Une-se ao grupo e faz sua estreia em O imperador Jones, de Eugene O’Neill, em 8 de maio de 1945, no palco do Municipal.
Hoje aos 93 anos ela cita esse momento como o mais marcante de sua vida, pelo contexto em que estava envolvido. Na ocasião Ruth de Souza foi a primeira mulher negra a subir num palco de um teatro e lembra com emoção a data 08 de maio de 1945, o dia em que foi declarado o fim da II Guerra Mundial. “As pessoas gritavam nas ruas comemorando o fim da Guerra.”

Por indicação de Paschoal Carlos Magno, recebe bolsa de estudo da Fundação Rockefeller e passa um ano nos Estados Unidos: na Universidade Harvard, em Washington, e na Academia Nacional do Teatro Americano, em Nova York.
Em 1948, indicada pelo autor Jorge Amado, estreia no cinema em Terra violenta, adaptação do seu romance Terras do sem fim. Com direção do norte-americano Edmond Bernoudy, o filme tem ainda no elenco Anselmo Duarte, Maria Fernanda, Heloisa Helena e Ziembinski. A partir daí, sua carreira de atriz prossegue focada no cinema.
Participa de diversas produções das três empresas pioneiras: Atlântida, Maristela Filmes e Vera Cruz. Na Atlântida, roda Falta Alguém no Manicômio (1948) e Também Somos Irmãos (1959), ambos de José Carlos Burle, e A Sombra da Outra (1950), de Watson Macedo. Contratada para o elenco fixo da Vera Cruz, atua em Ângela (1951), Terra é Sempre Terra (1952) e Sinhá Moça (1953), todos dirigidos por Tom Payne, e Candinho (1954), de Abílio Pereira de Almeida, estrelado por Mazzaropi. 

Por seu desempenho em Sinhá Moça, torna-se a primeira atriz brasileira indicada para prêmio internacional: o Leão de Ouro, no Festival de Veneza de 1954, em que disputa com estrelas como Katherine Hepburn, Michele Morgan e Lili Palmer, para quem perde por dois pontos. Em 1958 filma Ravina, com Rubem Biáfora, um marco na cinematografia brasileira.

Em 1959 vive um momento especial no palco, quando protagoniza Oração para uma Negra, de William Faulkner, com Nydia Licia e Sérgio Cardoso, no Teatro Bela Vista, em São Paulo. Com Roberto Farias aparece em Assalto ao Trem Pagador, em 1962, ao lado de Eliézer Gomes, Luíza Maranhão e Reginaldo Farias.

Depois de atuar em radionovelas, trabalha nos teleteatros da Tupi e da Record. Em 1969 integra o elenco da TV Globo e nela se torna a primeira atriz negra a protagonizar uma novela: A Cabana do Pai Tomás, na qual divide o estrelato com Sérgio Cardoso. 

Ruth de Souza relembra a novela Mandala como um marco na TV: “a primeira novela que mostrou uma família negra, seus dilemas e problemas.”
Há 30 anos participa intensamente da teledramaturgia da emissora.


Texto Adaptado de FUNARTE 

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